Main menu

“Eu sou a Arquitectura Portuguesa”.
Para Fernando Távora um edifício sem fundações, tal como uma árvore sem raízes, não existe: “mas as fundações do edifício ou de uma cidade têm que ser mais profundas, mais significativas do que as suas fundações físicas; embora estranho um novo edifício deve manter um diálogo com os seus vizinhos ou com o seu local”. Daí que a “identidade e caráter português”, a “tradição/transmissão do permanente”, o “homem” e a “vida” sejam as valências fundadoras da sua ideia de desenho e de modernidade; ideia que serenamente se desdobra, caso a caso, na leitura minuciosa e rigorosa do real e do seu destino; leitura que a idade da sua cultura rapidamente aciona como método-processo da transformação.
“Eu sou a Arquitectura Portuguesa”.
Pronunciou Fernando Távora no início da década de noventa. A frase é humilde e acanhada.
“Eu sou a Arquitectura Portuguesa” foram palavras desconcertantes ou surpreendentes que confundiram ou chocaram meia confraria. Afinal, tão só, termos tranquilos para uma síntese direta e nebulosa, a coberto da arte e da poesia; um compromisso-semente para uma dinâmica de raiz e de fruto – a sua invenção, a Arquitetura Portuguesa – que é condição e fundamento para validação da vocação que se aquietou voz e comunicação, entrelaçamento entre o poético e o documento. Um comum, sentimento de pertença ou promessa de futuro, que perseguiu em dar forma, em fazer existir em regime de hospitalidade e contingência com algo de crença na esteia ou no (ar)rasto glorificante da universalidade portuguesa.    

*
No âmbito da iniciativa anual “Figura Eminente U. Porto”, a Reitoria da Universidade do Porto, a Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto e a Fundação Instituto Arquitecto José Marques da Silva convergiram na iniciativa de homenagear Fernando Távora no ano de 2013, presente a dimensão da pessoa, do cidadão, do arquiteto, do professor, e a circunstância dos noventa anos sobre a data do seu nascimento. 

Considera-se:
> que, evocando a figura nas suas várias dimensões, é objetivo da iniciativa a promoção científica, cultural e formativa da sua obra enquanto conhecimento, património arquitetónico, artístico, disciplinar e documental;
> que a receção no Centro de Documentação e Investigação de Cultura Arquitetónica da FIMS, do acervo documental pertencente a Fernando Távora, e uma parte significativa da sua biblioteca, abriu: i) novas oportunidades para o seu tratamento informacional e divulgação, conservação documental e produção de informação; ii) novas condições de estudo e investigação;
> que, evocando a figura nas suas várias dimensões, se visa compartilhar da abertura de novas circunstâncias de informação e interpretação, de tradução e crítica, de formação e conhecimento que contribuam para o entendimento e para a acessibilização da ação e da obra de Fernando Távora no processo da Arquitetura e da Cultura Portuguesa;
> que, evocando a figura nas suas várias dimensões, é objetivo da iniciativa assumir-se como circunstância e contribuição para instalação de uma plataforma de encontro plural, hospitaleira, evolutiva que promova a visita, o estudo, a investigação sobre a particularidade, a originalidade e a pertinência do contributo de Fernando Távora na heterogeneidade da modernidade; sobre a libertação de projeto na causa da arquitetura enquanto controversa contiguidade entre prática disciplinar e experiência artística – criatividade, pensamento, conhecimento;
> que, evocando a figura nas suas várias dimensões, é objetivo da iniciativa fazer-se em espaço de comemoração, de projeto, de educação, de participação, convidando e mobilizando à comunidade de energias, de cumplicidades de estudo, de saberes, no desenvolvimento, realização e problematização de ações desenhadas no seu programa.

Presente o exposto, autonomizando e associando expressões-síntese, de diferente natureza mas partilhado sentido, presentes em diferentes circunstâncias do discurso comum de Fernando Távora, esboçou-se como gesto de atenção, aproximação, reunião para o ciclo de ações integradas na homenagem:
 “ Fernando Távora, ‘minha casa’
  ‘Da Organização do Espaço’ – ‘Para a Harmonia do nosso Espaço’ . ‘Da Harmonia do Espaço Contemporâneo’ ”